15 de dez. de 2009

Cultura


A diversidade musical no Piauí
O Estado é rico em diversos segmentos da música.

Piauí? Para muitos, pode ser sinônimo de atraso, de pobreza e ignorância. Infelizmente, a imagem estereotipada pela mídia nacional e por outras instituições faz com que o Estado sofra muita discriminação.  O Piauí possui grandes riquezas, entre elas: fauna e flora exuberantes, deliciosas comidas e bebidas típicas, o povo é bem acolhedor e apresenta artistas que seguem diversos segmentos da cultura e da música.
Cenário musical
O hino do Estado, composição de Antonio Francisco Da Costa e Silva e música de Firmina Sobreira Cardoso salienta a beleza do Piauí. Em um dos seus versos está escrito. “Salve terra que aos céus arrebatas; Nossas almas nos dons que possuis”.  Este hino ressalta a fecundidade da terra piauiense, herdeira de uma cultura abundante e distinta no país. Aqui a música é bem variada, não somente no forró, mas também: MPB, pop, reagge, metal, rock, samba e muito mais. E  ainda temos,as raízes nordestinas,como: baião, a quadrilha, o xaxado, o xote, que são mescladas  com o atual, com o inovador.
 O Piauí apresenta grandes nomes que são conhecidos tanto no Estado, como nacionalmente. Entre os que se destacam temos: Batuque Elétrico, Narguilê Hidromecânico,Validuaté,  Roraima, Cláudia Simone, Patrícia Melo (hoje em dia Melody), Teófilo Lima, Roque Moreira, Karranca, Vavá Ribeiro, Ostiga Júnior, Frank Aguiar e “Absoluta” Stephany, Lázaro e Maria da Inglaterra que somam a grande miscelânea musical piauiense. A música piauiense é destaque nos outros estados nordestinos. Porque ela é popular, viva e rica de valores que compõem a identidade cultural. Tendo influência do Maranhão, Ceará e Bahia. Além de sua qualidade, criatividade, mistura de ritmos, talento, e por transmitir situações e expressões do cotidiano, isto é, expõe de maneira inteligente, e às vezes cômica sobre a realidade das pessoas que vivem aqui. Realmente, no estado se desenvolve tudo.
“Em cada município piauiense verificam-se ritmos que poderiam ser pesquisados, estudados. Por exemplo, o pagode e o mimbó de Amarante, o Bailandê de Monsenhor Gil, Marajuda de Campo Maior e outros estilos”, afirmou Aurélio Melo, maestro da Orquestra Sinfônica de Teresina. Os jovens artistas ao formarem uma banda, estão preocupados em copiarem uma música que esteja fazendo sucesso, do que em reconhecer os ritmos do interior do estado.    
ANTROPOFAGIA PIAUIENSE

"Só a Antropofagia nos une." A frase que abre o Manifesto Antropófago, escrito por Oswald de Andrade em 1928, expressa a idéia da deglutição das culturas, norte americana e européia, isto é, o objetivo de não imitá-las. Ele alertava para a valorização das raízes nacionais, que devem ser o ponto de partida para os artistas brasileiros. Os artistas da terra variam o seu repertório com canções, baseadas em estilos nacionais e internacionais. Porque desejam maior experiência no cenário musical e também devido, o estilo peculiar de cada um. “O Piauí e rico, aqui você ver músicos que misturam zabumba com rock roll”, descreveu Daniel Hulk, vocalista do Roque Moreira. “O Nordeste é extremamente rico em tradições nordestinas. Algo que seria triste esquecer e ficar apagado. Acho que valorizar a tradição nordestina em novos projetos é sempre válido”, afirmou Freitas da banda Último Romance. Com o mesmo ponto de vista de Freitas, Rodrigo Silva, vocalista do No Essence, acredita que: “Eu penso que valorizar as tradições nordestinas é essencial, não só as tradições nordestinas, as tradições brasileiras em si, e que por mais que você mostre pro cenário que suas influências são estrangeiras, você pode introduzir aos poucos suas raízes”. Também concordou Josué Costa, violonista: “O Piauí é um estado bastante rico. Tudo aqui tem seu valor tem seu público”.      

“A música é como uma reza”
O homem tem várias necessidades, além de água e comida. O homem precisa da música para compreender o mundo a sua volta, expressar seus sentimentos e até mesmo para criticar ou defender algo ou alguém. Antônio Francisco Galvão, mas conhecido como A.F. Galvão, um dos maiores guitarristas instrumentistas do Nordeste. Ganhou um dos eventos “CHAPADA DO CORISCO”. E uma das suas composições mais prestigiadas “Marcha do Camelo” é bem conhecida pelo público teresinense. Suas composições são inspiradas em grandes artistas internacionais, como Steve Vai e Jimi Hendrix. Mas também admira e até se inspira pelos artistas da nossa terra, como Teófilo Lima. A música para ele: “é como uma reza, vamos assim dizer, uma forma de interceder pelo outro, pelo próximo. As canções não servem somente para se obter sucesso, fama e dinheiro, mas principalmente para abordar os temas do cotidiano, das emoções das pessoas e os sons da natureza, que são perfeitos”.

Piauí a ser descoberto
       
O Brasil tem um privilégio que nenhum outro país possui: a diversidade musical. O Brasil da bossa, rock, reggae, pop, heavy metal, funk, samba, axé, forró, baião, etc. Somos um dos poucos países que, a partir de misturas e experiências como o samba e o rock, ou a bossa nova e o eletrônico, cria diferentes tribos e públicos. Afinal, cada um tem seu gosto. E isso é a principal riqueza do Brasil: a arte de criar algo totalmente novo. 
“A nossa música é avançada. É a melhor do país”, enalteceu Kasbafy, músico e produtor musical. O Brasil tem interesse em saber o que o Piauí tem. Conhecer a arte, os ritmos, os músicos e o povo piauiense. “Existe sim o interesse do Brasil, até para um fortalecimento do nosso arsenal cultural. Atualmente, existe essa procura pelo interior”, disse o maestro Aurélio Melo. Infelizmente o Piauí ainda sofre preconceitos no país, apesar de haver interesse dos outros estados em descobrir o estado piauiense. Segundo Kasbafy: “Ainda tem o preconceito de que o Piauí é uma terra amarela, que tem uns macacos pendurados numas árvores. Eles não procuram saber o que tem aqui, nós é que temos que divulgar. O mundo todo gosta dessa fusão de ritmos. Eles não sabem fazer. Nós sabemos”. Josué Costa, violonista, acredita que falta o reconhecimento da mídia nacional e também, melhores salários para os músicos da região.
Aos poucos, a música do Piauí tem sido divulgada nacionalmente. É um grande desafio para os artistas da terra.  É necessário o reconhecimento não somente do Brasil nas riquezas culturais do estado, que são notórias. Mas a própria sociedade piauiense necessita de uma mudança de mentalidade, que talvez precise partir da educação, para que seja resgatado o interesse dos piauienses pela autenticidade da história, da cultura e da música do estado.



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